quinta-feira, 7 de junho de 2007

PDE, o professor Luiz Felipe(IF-UFRJ) questiona seus críticos e o prof. Abraham Zakon(EQ-UFRJ) polemiza


PDE, o Professor Luiz Felipe Coelho questiona seus críticos e o professor Abraham Zakon polemiza
Um debate informal no forum-prof (e-forum ) do Instituto de Física da UFRJ

Embora a discussão sobre o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) ainda motive poucas pessoas na UFRJ, quando o faz é de forma envolvente. Transcrevemos a seguir, do forum-prof, e-forum sediado no Instituto de Física da UFRJ, os questionamentos aos críticos do PDE pelo prof. Luiz Felipe Coelho (IF) e as réplicas do prof. Abraham Zakon(EQ) . Aos assinantes e visitantes eventuais do Observatório da Universidade é a vez de participarem.
(os questionamentos numerados de 1 a 9 são feitos pelo prof. Felipe, as réplicas pelo prof. Zakon de R1 a R9)
1 Felipe - oposição ao PDE da direção da ADUFRJ tem "razões puras" ou é puro oportunismo político?
R1 Zakon -Considero muito válida a oposição ao PDE, o qual ainda não foi discutido amplamente entre veteranos e novatos, docentes e funcionários.

2 Felipe - Ser contra mais vagas discentes e mais autonomia para as universidades federais porque?
R2 Zakon -Porque:
1º - o número de alunos fracos ou imaturos vem aumentando e e eles ficam retidos nos bancos escolares por maior tempo de permanência, gerando evasão ou perda de rentabilidade do investimento (é a Sociedade Brasileira que paga o prejuízo, inclusive nós em matéria de prestígio e isso ficou envidente nas manchetes dos jornais impresso e digital de O GLOBO – e mesmo que sejam questionáveis, já fizeram o estrago).
2º - Porque não temos equipes docentes, mas uma coleção de professores e funcionários lecionando quase sem entrosamento.
3º - Porque as universidades federais continuam crescendo em número, mas os recursos orçamentários vem diminuindo cada vez mais.

3 Felipe -Ser contra rediscutir nosso modelo brasileiro de carga exaustiva de aulas expositivas, porque?
R3 Zakon -Temos de rediscutir esse modelo desfocado, porque cada vez mais temos recém-mestres ou recém-doutores lecionando sem experiência profissional fora da UFRJ e as aulas são expositivas e muito mais abstratas. Temos de considerar o fato desses novos docentes jamais terem estudado Pedagogia como muitos de nós também não fizemos.
4 Felipe -Confundir o PDE com Universidade Nova, confundir a Universidade Nova com o Prouni, confundir ampliação de vagas nas IFES com as medidas de aprovação automática no ensino fundamental, confundir resposta a editais públicos com neoliberalismo, tudo isso é uma cortina de fumaça para não mudar nada, na sociedade e na universidade. É conservadorismo puro.
R4 Zakon -Sugiro a Você refletir sobre suas convicções. Conservadorismo é não discutir isso, inclusive temer a discussão sobre o que as cátedras representavam e o que os departamentos representam hoje. Quem está confuso é Você e os que só olham para frente. Estamos sofrendo um "tsunami institucional", onde pessoas que se elegem com um discurso sério, contradizem suas plataformas e decretam ou agem sem pensar nas conseqüências para toda a Sociedade. Esse egoísmo está encontrando resposta das pessoas que jamais se manifestaram, como no caso da aprovação automática nas escolas municipais cariocas. A Sociedade Brasileira está exposta na mídia e em todos os setores. Quem não enxerga que é melhor discutir, então não sabe o que é transparência, pois sua mente e seus olhos estão blindados contra a realidade que nos cerca.
5 Felipe -Claro que o conservadorismo acadêmico é gigantesco,
R5 Zakon -As universidades públicas estão engessadas, porque cada novo doutor é um catedrático em potencial, mas sem os mesmos recursos que os antigos possuíam e tornou-se mais importante publicar do que lecionar. Pergunte aos alunos de graduação o que pensam sobre os professores? Aliás, pergunte aos alunos de Engenharia o que pensam sobre os professores de Física e Matemática. Você, Felipe e outros colegas, sabem o que se discute nos Congressos de Ensino e Educação em Engenharia? Eu, por exemplo, não sei nada sobre o que se comenta nas demais grandes áreas: Medicina, Ciências da Vida, Direito, Ciências da Terra, Ciências Sociais, Letras, etc.
Além disso, a política partidária tem um peso enorme nas decisões colegiadas, A repetição de lemas e frases feitas chega a ser repugnante. O que me surpreendeu nesse cenário de chavões, foi a campanha inovadora da AdUFRJ em faixas espalhadas pelo Campus que destaca os fatos graves que estão destruindo a carreira docente e as universidades públicas como essa questão os professores equivalentes. Daqui a pouco, vão querer comparar nossos salários com os dos professores primários. Não enxergar isso nem chega a ser conservadorismo: é pior.

6 Felipe -A universidade é e precisa ser cautelosa, a tendência de piorar sempre existe, por razões exógenas ou endógenas.
R6 Zakon -Infelizmente, as reformas e dispositivos jurídicos que pioram as universidades públicas são exógenas, e são pouco discutidas com os docentes e funcionários. Nem conseguem ser amadurecidas. A Andes (até hoje não consigo dizer ou escrever que uma asssociação é "o") discutiu com o General Ruben Ludwig, Ministro da Educação, e durante quase 2 décadas, havia um cenário estável de progressão que chegou ao represamento, porque as vagas para prof. Titular permanecem insuficientes. De repente, vieram novas leis, decretos e portarias e estamos mais do que associados: desagregados, desinformados e desorientados, porque a vaidade ou desespero de alguns chegou ao ponto das tesouradas e outras posturas inaceitáveis.

7 Felipe -Nas endógenas, acabamos de receber e aprovar no CEG (não havia remédio...) a proposta da Faculdade de Farmácia de passar o curso de farmacêutico de 3 anos e meio para 5, aumentando em muito a carga horária (dependendo do semestre ficará entre 30 e 42 horas/semana) e fundindo com 3 habilitações.
R7 Zakon -Essa tendência de aumento da duração do curso parece ser irreversível se quisermos manter cursos plenos de 5 anos mínimos. O curso de Bacharel em Química (no tempo da Faculdade Nacional de Filosofia) foi de 3 anos, depois passou para 4 anos (e alguns intitularam de Bacharel em Química Tecnológica para ocupar o espaço do curso descontinuado de Química Industrial da Escola (Nacional) de Química). A Escola de Química tentou reduzir o curso de Engenharia Química para 4 anos, fêz um Seminário Específico com convidados do Chile e Argentina, que narraram experiências de graduação em 6 anos para Engenharia Química (os registros em fitas de videocassete para os anais do evento realizado em 2000 sumiram...). A EQ-UFRJ criou dois novos cursos: Engenharia de Bioprocessos e Engenharia de Alimentos e o também aumentou o tempo de conclusão do curso de Química Industrial para 5 (cinco) anos. O Instituto de Química oferece o curso para formar "Químicos" em 5 anos. Resultado: a Lei dos Químicos caducou, pois foi escrita em função dos tempos de graduação, 3, 4 e 5 anos, para Bacharelado em Química, Química Industrial e Engenharia Química.

8 Felipe -O profissional saberá menos de cada habilitação e terá retiradas as disciplinas de formação científica básica, como Física, Genética e Anatomia. Além disso a Bioquímica será diminuída, passando para o primeiro período. Como não há espaço para eletivas os futuros farmacêuticos não precisam saber Genética Molecular, Bioquímica, Anatomia e Física. Essa proposta foi longamente debatida na Farmácia durante 4 anos e é claramente um escolão, formar farmacêuticos para o balcão das farmácias. O único atenuante é que as Diretrizes Curriculares apontam na direção disso - mais aulas, menos formação profissional e menos base científica - mas a FF não precisava ter concordado. Qual a sua opinião, Luiz Eduardo?
R8 Zakon -Não posso criticar o que ainda não pude conhecer: essas seqüências curriculares. Porém, o que dirá o Conselho Federal ou Regional de Farmácia?

9 Felipe –Sobre as discussões abaixo, envolvendo filmes, livros, etc: Parece-me que o grupo intitulado "Fórum de Professores" foi criado para finalidades maiores do que essas. Já deletei diversas mensagens e respostas similares.
R9 Zakon -Sugiro a Você, Felipe Coelho, e aos demais colegas, pensarem num evento maior com a participação da AdUFRJ, SINTUFRJ, Reitoria e Decanias, Diretores de Unidades Acadêmicas, docentes, funcionários e alunos, para evitar que o Fórum de Professores seja convertido em cenário de discussões inúteis ou triviais. Ou seja, manter a discussão em torno dos assuntos realmente universitários, que possibilitem o amadurecimento conjunto, de modo que possamos superar a(s) crise(s) da UFRJ quando ocorrer(em). Você, com sua iniciativa, produziu um apreciável esforço de coesão. Sugiro ampliar os horizontes do seu trabalho para a realização de um Congresso Interno na UFRJ, que envolva ENSINO, PESQUISA, EXTENSÃO E GESTÃO.

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